Hoje foi um daqueles dias... O ti-ri-ri da droga do telefone, a caixa de emails a encher, a rabujice feminina, o constante queixume de que isto ou aquilo não funciona como deve ser, clientes cheios de exigências e eis que entra um casal. Na casa dos 40, irlandeses,(caramba que para os perceber nem com cerveja a mais) com mais dinheiro que eu tenho cabelos ( e tenho muitos) e depois de lhes explicar o que devia, ou achei que devia pelo menos, no fim disseram-me que tinha sido uma simpatia e que a recomendação tinha sido frutífera, e que fariam o mesmo por sua vez. Claro está que o meu trabalho havia sido compensado, sou paga para isso. Por momentos levou-me anos atrás a algo que nunca hei-de esquecer...

Trabalhava eu numa loja de roupa em Lisboa, estilo Berska, cabelinho curto com gel, estilo G-I-JANE, musica alegre, e eis que chega uma senhora e vem-me pedir informações.Após 2 ou 3 dedos de conversa perguntou-me assim:

- A menina vai-me desculpar, mas é angolana? - Risada, claro... Perguntei o porquê da questão.

- É que uma simpatia como a sua, só pode... - Para além de corar que nem tomate e ter confirmado a sua suspeita, apenas lhe disse que a simpatia não vem do local onde nascemos mas sim da pessoa em si, mas lá que acertou, isso acertou.

O que me leva a questões por mim levantadas aqui já algumas vezes, em diversos posts. Será que um sorriso custa assim tanto? Uma palavra afável será sinónimo de conta por pagar? Certo que somos todos diferentes, mas todos temos a mesma essência, todos gostamos de carinho,de um miminho, por mais insignificante que pareça, vale sempre a pena.

Um sorriso custará assim tanto? Não gostaremos todos de receber um sem nada em troca? Não iremos retribuir na mesma moeda? Penso que sim...