domingo, 23 de novembro de 2008


Hoje venho falar de uma situação pela qual passei na sexta-feira,que me fez rir e criou espanto! Quando conheçemos pessoas novas, a pergunta da praxe é sempre a nossa ocupação, e aí costumo brincar um pouco com isso, dizendo que trabalho num ramo, no qual o português resmunga sempre o seu pagamento, mas quando precisa ele está lá. Já me perguntaram se era das finanças, mas não, o ramo é mesmo o dos seguros.

Pronto, já sei, já sei, as companhias são uns ladrões, pagamos pagamos e nunca ganhamos nada com isso, já sei, oiço isso todos os dias. Eu como trabalho numa mediadora e não na companhia em si, para além de ter o dobro do trabalho, porque trabalhamos com várias companhias e como tal, temos de ter o conhecimento do seu método individual, como temos também o dobro da atenção em relação ás necessidades de cada segurado. Tal como em tudo na vida, é sempre mais fácil criticar algo que não se conhece, a tentar perceber o seu porquê. Não estou com isto a dizer que as companhias não têm as suas manhas, porque as têm, também tenho seguros e não sou defensora de muitas das suas clausulas, mas o facto é que elas existem, o que me leva a uma questão...

Quando se faz um seguro, seja de que ramo for, assina-se um contracto, que como qualquer outro tem condições gerais, inclusões, exclusões, coberturas base e especiais, enfim, um rol de coisas chatas e aborrecidas, com textos que nunca mais acabam, que muitas vezes não perdemos tempo a ler, mas quando algo acontece, diz-se logo coisas do tipo "ninguém me disse isto ou aquilo", ou então "pago um balurdio para nada!", mas será mesmo assim? E que tal se essas letrinhas chatas fossem lidas? Muitas vezes um seguro cobre coisas de que as pessoas nem se apercebem, que poderiam accionar o seguro e por falta de informação não o fizeram.

Claro que quem dá a cara é que sofre e ouve alguns impropérios mas é como tudo, o empregado é o cartão de visita e receptor das queixas todas. Mas sexta-feira ouvi uns desaforos no minimo engraçados!

Ora, um senhor esteve envolvido num acidente, do qual não foi culpado, e alguém decidiu que o seu carrito devia era de estar na sucata e não na estrada, e como tal, enviou-o para lá. Foi chamada a GNR e o outro senhor decidiu que não haveria de assinar nenhuma declaração, uma vez que senhores de farda estariam a chegar. Logo em seguida o dono do carro foi participar o acidente, e foram preenchidos os formulários todos. A primeira coisa que disse foi que queria um carro na hora, já que o dele não andava.Reação normal para quem vê o seu pópó a ser rebocado para a oficina com olhinhos de quem já tinha visto tudo o que havia para ver. Lá o acalmei e tentei explicar o melhor que podia que as coisas não se processavam instantâniamente, tendo como impeçilho a barreira da lingua, uma vez que o senhor era de nacionalidade romena. Apesar de falar relativamente bem o português, é sempre mais complicado explicar as coisas desta forma, principalmente quando a pessoa não está muito receptiva a tal. Bem tentei explicar que antes de ter o carro, a outra companhia a quem iriamos reclamar o sinistro, teria de ter os dados necessários para averiguar se a culpa teria sido do seu segurado ou não, o carro teria de ser peritado para avaliar os danos e custos a assumir, mas o senhor, um rapaz novo, não queria saber de nada, queria que a companhia lhe desse um carro na hora!!!!

Uma das minhas poucas qualidades é a simpatia e o sorriso conatgiante, e nestas alturas recorrer á assertividade, e lá com a minha paciência, tempo e calma o consegui acalmar. Todos os dias ligava de manhã e á tarde para saber noticias e lá as fui dando de acordo com as que possuia. O relatório da GNR leva sempre cerca de 8 dias a estar pronto e sem ele como poderia a companhia assumir alguma coisa? baseada na palavra dele? contra a do outro interveniente? convenhamos que estamos no Natal mas o Pai Natal ainda não dá carros assim...

Na sexta-feira ligou-me fulo, a dizer coisas que nem ao diabo lembra, e que EXIGIA um carro igual ao dele, na mesma cor e com mais extras do que o dele tinha!!!! Tentei levar as coisas com calma, e explicar tudo de novo, mas não, estava possesso, até que perdi a paciência, e disse-lhe que a companhia não tinha um parque com carros para dar ás pessoas, e que lhe iriam dar o valor correspondente ao carro para ele comprar um.

-"Então quero 5.000€ por ele!!!!" - um carrito de 1992, que nem 1.000€ deve valer... acusava-me de racismo, que era por ser romeno, que isto, que aquilo...penso que pela primeira vez perdi a compustura, e assim como gritou comigo ao telefone, devolvi na mesma moeda. Sei que não o deveria ter feito, mas francamente resultou! Lá se acalmou, parou, pediu desculpa e reconhecera que tinha sido indelicado, estupido mesmo!!!!

Mas o que achei mais piada no meio disto tudo, foi o facto de que EXIGIA a mesma cor, e com mais extras. Será que as seguradoras viraram Stands e eu não fui informada?????


p.s. Já sei, já sei, os seguros servem só para roubar....lol

10 comentários:

ANTONIO SARAMAGO disse...

Tives-te muita sorte em o dito Rafeiro, não ter exigido que te queria a ti em vez do carro.
Aí não havia nada que te valesse a não ser uma valente bofetada.
Todos sabemos que há sempre divergências e quando a má formação se sobrepõe a direitos é uma grande merda, mas tu lá tives-te a pachorra de aguentar e mostrar que estavas ali para servir o cliente e não para ditar leis.

antonio ganhão disse...

Vejo que é raro um cliente queixar-se, os outros limitam-se a resignar-se... ;)

PS: Se o teu cliente conseguir os 5.000€, temos que falar. Tenho por aqui um chasso para trocar.

Anónimo disse...

às vezes tenho pena de quem dá a cara nestas situações que, sem culpa de nada, acaba por "levar" com toda a má disposição de quem se sente lesado.
Mas as seguradoras são mesmo umas ladras do caraças. Eu nem quero pensar em voltar a ter algum acidente. Tive um de mota, há já alguns anos, e quase me peguei com o perito...
Como disse num dos posts da semana passada (post caído do céu), justiça e seguradoras, quanto mais longe melhor. Era metê-los todos num saco bem grande, cheio de pedras e largá-los no alto-mar eheheh.
Claro que as funcionárias simpáticas ficavam de fora desta “cláusula”.
Eheheh
Bjs.

JE disse...

Como te compreendo. Infelizmente é o cliente que paga o teu salario tinhas que o ouvir. um bjs JE

Salto-Alto disse...

Pelos vistos trabalhas num stand e não numa seguradora! :)

Rafeiro Perfumado disse...

E não te exigir com a mesma quilometragem tiveste muita sorte. E lá se foi o sorriso contagiente para o espaço... ;)

Beijoca!

JP disse...

As seguradores são tipo o euromilhoes, mas na perspectiva porporcionalmente oposta. isto é, jogamos no euromilhoes para ver se ganhamos alguns cobres. Fazemos seguros para ver se não perdemos muitos cobres.
Nas duas situações é raro ficarmos 100% satisfeitos.

PB disse...

Fantástico, por essa lógica compensava ter acidentes!!! era uma maravilha, bora lá buscar maquinões às seguradoras! Lololol

Há com cada um...

Beijinhos

Last Lion disse...

Vou já mandar espetar o meu carrito hhihih assim quero um Audi A3 preto com todos os extras possiveis!! :P
Beijokaaas

Gostei do blog e vai ficar na minha barra lateral :)

Furetto disse...

Eu não me dou bem com seguros... da última vez que tentei conduzir (há que notar que não chego aos pedais, e não tenho polegares oponíveis) bati, e da segura lá me disseram que a culpa era minha porque não era "humano", ora... se um humano tiver um casaco com pêlo da minha espécie, como é?